12 de maio de 2001

DE COMO NÃO CONHECI PRISCILLA PORTO NUM 21 DE ABRIL

O grande encontro estava marcado. Não pelo acaso, ao contrário: mensagens haviam sido trocadas, e haviam escolhido o 21 de abril, os caminhos de Ouro Preto e a melhor safra de suas palavras. O maior poeta de Itabirito encontraria a maior escritora da região dos inconfidentes em uma de suas crônicas. O que teria dado errado, então? Os comentários do dia seguinte ao encontro que nunca houve reportavam que o grande poeta escorregara numa pedra-sabão logo em sua chegada, tendo quebrado seu orgulho em várias partes, politraumatismo que nenhum hospital conseguiu tratar. Outros disseram ter visto o grande poeta em companhia de outra moça que vestia roupas de época, e que tinha um sorriso e um brilho nos olhos de outros tempos. Outros, mais radicais, dizem ainda hoje que Diego Domingos e Priscilla Porto jamais existiram, não viveram desventuras nem perderam conduções, que jamais amaram ou compraram, que não passam afinal de história dessa gente. Seus poemas e crônicas outros escreveram e quiseram chamar-se Diego e Priscilla -- tão românticos esses nomes do século passado!